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Fã de filmes de suspense, Marília Mendonça trouxe reviravolta para suas letras

Cantora se inspirava em cineastas como Alfred Hitchcock na hora de compor

Fã de filmes de suspense, Marília Mendonça trouxe reviravolta para suas letras
Fã de filmes de suspense, Marília Mendonça trouxe reviravolta para suas letras (Foto: Reprodução)



Marília Mendonça (1995-2021) estrela uma das capas da edição #6 da Billboard Brasil e o legado deixado pela eterna Rainha da Sofrência é eterno. Além de manter números estrondosos mais de dois anos após sua morte, Marília ainda encanta seus admiradores com anedotas como a de que se inspirava em mestres do suspensa na hora de escrever suas letras.

Em 2016, a cantora finalmente lançou seu primeiro disco cheio –até então tinha soltado apenas um EP e alguns singles. O trabalho cristalizou sua parceria com o produtor Eduardo Pepato, que ajudou a definir o estilo consagrado por Marília.


“Ela ia gravar um outro tipo de sertanejo, mas estava muito triste”, explica Pepato. “Perguntei o que ela queria fazer, e ela disse que gostaria de cantar música romântica.” O produtor apostou na bachata, um ritmo da República Dominicana, que tem laços estreitos com a brasileiríssima seresta.

As letras, que sempre foram o forte de Marília, chamam a atenção por outro detalhe. “Você percebe que elas trazem uma reviravolta no final? Marília era fã de filmes de suspense e sempre gostou desse recurso.”

A ascensão de Marília Mendonça –bem como a de Maiara e Maraisa, parceiras e amigas da cantora– traçam um novo rumo para a música sertaneja. O gênero sempre foi predominantemente masculino e às mulheres era reservado o papel de traidora e/ou ingrata.

Com a aparição dessas artistas, a mulher ganhou voz e razão. Em “Infiel”, por exemplo, uma esposa avisa à amante do marido que pode ficar com ele porque chutou o sujeito de casa. Muitas vezes, os versos de Marília tinham um cunho social: “Troca de Calçada” é um dos retratos mais duros sobre a prostituição.

“Marília é o tipo de cantora nua e crua, a voz do coração da mulher. Ela foi cabareteira como Dalva de Oliveira, Angela Maria, Cláudia Barroso e, nos anos 1980, Roberta Miranda”, diz o pesquisador musical Rodrigo Faour.

O estilo musical perpetuado por Marília Mendonça ganhou o nome de “sofrência” –o mesmo adjetivo, por exemplo, dado ao arrocha baiano, que também descende da seresta e traz letras que falam de amores que dão errado.

FONTE: BILLBOARD BRASIL

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